quase sempre busquei
pintar-me
de vermelho
invejo o mundo e a impossibilidade
de parir
não tomo pílulas
não preciso
meus pensamentos ampliam-se
como folhas empilhadas
morfeu, você dorme
e não acorda
morfeu
- amor fera
pijama
está na hora de dormir
e você continua dormindo
morfeu
- relógio apita
está na hora de acordar
e você continua acordado
de vermelho
invejo o mundo e a impossibilidade
de parir
não tomo pílulas
não preciso
meus pensamentos ampliam-se
como folhas empilhadas
morfeu, você dorme
e não acorda
morfeu
- amor fera
pijama
está na hora de dormir
e você continua dormindo
morfeu
- relógio apita
está na hora de acordar
e você continua acordado
morfeu morfeu morfeu
oh morfeu
por que não me rabisca
qualquer poema?
morfeu morfeu
você conheceu
qualquer capuleto?
gire-me e rabisque-me
com giz
(Interferência de Claudinei Sevegnani)
oh morfeu
por que não me rabisca
qualquer poema?
morfeu morfeu
você conheceu
qualquer capuleto?
gire-me e rabisque-me
com giz
(Interferência de Claudinei Sevegnani)
Meu giz
ResponderExcluirde cera vermelha quebrou
-quebrou, eu emprestei, gastou,
o que importa?- quebrou.
Morfeu, adormecido, aqui ao meu lado
sonha que perdeu a letra que lhe dá forma.
M
orfeu agora
quase sempre
canta. Unge sua garganta com mel
e pastilhas; enche a cara...
Orfeu agora
quase nem
sonha. Nutre-se do leite azul
das bacantes; rememora:
um coração que bate
junto a um coração que para;
um pedaço de carvão, uma lasca,
um gume ou a ponta, uma brasa;
na pele rabiscada de poemas,
um poema rasga a pele,
arranha fundo e raspa uma letra
assustada.
Orfeu agora
grita. Debate em si sua existência,
devora a letra, aceita-a, reforma-se.
M
orfeu, acordado, aqui ao meu lado,
escorre seu dedo por minhas costas.
Morfeu só escreve em vermelho,
mas meu giz quebrou ou
emprestei ou gastou...
Então Morfeu me arranha
cava em minha pele meu próprio giz
e rabisca
um poema roubado:
"Espirales en descenso. Roto el sueño
queda el desierto. La arena ruge,
el cielo se desata. Hasta la luna llora
ante tal silencio."