quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

poemorfose n.09

Sempre quebrei unhas pintadas de vermelho 
(invejo homem e mulher, Morfeu, e me importo)
Não sei se as pílulas da vida são azuis ou vermelhas
As pílulas são
A vida embriaguez 
Sei que tanto isto (s) e muito aquilo (s) 
Meus pensamentos silenciam
Morfeu, você dorme 
Oferta-se a um oráculo ou alguém os desligou?
(Acorde-me na hora errada)


cerveja ou vinho
vida ou morte
(Morfeu? É um fechar de olhos, no escuro no silêncio) 
não há quem limpe a vida
mas há vômito por toda parte
sou meu próprio faxineiro 
esfrego-me torço-me jogo-me 
e alimento-me dos restos de substâncias entorpecedoras 
limpo-me de mim e me sujo
sou o duplo de tudo que tenho em tudo que falta

mas enquanto dormes, Morfeu
não há pílulas, não há entorpecentes, que me deem vida em morte

Gritem-me e me tirem daqui 




(Interferência de Luciano da Silva)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

poemorfose n.08

nunca pintei as unhas de vermelho
(invejo Morfeu
e não me importa se era homem ou mulher).


penso as pílulas:
azul ou vermelha
dentro ou fora da matrix
não sei se meus olhos abrem ou fecham
não sei se vejo
não sei se isso ou isto
não sei, Morfeu, não sei
leve-me ao oráculo ou desligue-me da máquina
ou desligue-me
(desligue-me agora).

dentro ou fora da matrix
(Morfeu não dorme, mas eventualmente silencia)
não há insetos. não há gatos. não há cachorros.
no reflexo narcísico
sou eu meu próprio bicho de estimação
e lavo-me
e bebo-me
e alimento-me de substâncias fictícias
encho-me de mim e me esvazio
sou meu excesso e minha falta.

mas quando sonho
não há pílula, não há máquina, não há matrix

que me tire do infinito.



(Interferência de Gleise Reis)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

poemorfose n.07

Morfeu pintava as unhas de vermelho
            (nem era mulher)
Morfeu consumia barbitúricos e tarjas pretas
            (gritava com a boca fechada)
Morfeu se olhava no espelho e nem se via
de olho no teto, na telha, na teia
da aranha (a forma é clara)
que tece poemas
            (vomita poesias)
um corte fundo no claro verde
            (poemorfose)
cresce, cresce, cresce
            (forma-se)
um buraco fundo no claro verde
            (reforma-se)
bebe, bebe, bebe
            (a forma escura)
a luz
            (as pupilas do gato
            os olhos verdes do gato)
como eu bebo
            (sonho beijos e esqueço)
os silêncios de Morfeu



(Interferência de DON'T KILL THE CHICKEN)