quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

poemorfose n.08

nunca pintei as unhas de vermelho
(invejo Morfeu
e não me importa se era homem ou mulher).


penso as pílulas:
azul ou vermelha
dentro ou fora da matrix
não sei se meus olhos abrem ou fecham
não sei se vejo
não sei se isso ou isto
não sei, Morfeu, não sei
leve-me ao oráculo ou desligue-me da máquina
ou desligue-me
(desligue-me agora).

dentro ou fora da matrix
(Morfeu não dorme, mas eventualmente silencia)
não há insetos. não há gatos. não há cachorros.
no reflexo narcísico
sou eu meu próprio bicho de estimação
e lavo-me
e bebo-me
e alimento-me de substâncias fictícias
encho-me de mim e me esvazio
sou meu excesso e minha falta.

mas quando sonho
não há pílula, não há máquina, não há matrix

que me tire do infinito.



(Interferência de Gleise Reis)

Um comentário:

  1. Sempre quebrei unhas pintadas de vermelho
    (invejo homem e mulher, Morfeu, e me importo)
    Não sei se as pílulas da vida são azuis ou vermelhas
    As pílulas são
    A vida embriaguez
    Sei que tanto isto (s) e muito aquilo (s)
    Meus pensamentos silenciam
    Morfeu, você dorme
    Oferta-se a um oráculo ou alguém os desligou?
    (Acorde-me na hora errada)


    cerveja ou vinho
    vida ou morte
    (Morfeu? É um fechar de olhos, no escuro no silêncio)
    não há quem limpe a vida
    mas há vomito por toda parte
    sou meu próprio faxineiro
    esfrego-me torço-me jogo-me
    e alimento-me dos restos de substâncias entorpecedoras
    limpo-me de mim e me sujo
    sou o duplo de tudo que tenho em tudo que falta

    mas enquanto dormes, Morfeu
    não há pílulas, não há entorpecentes, que me deem vida em morte

    Gritem-me e me tirem daqui

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